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CFM autoriza uso de cloroquina e hidroxicloroquina a critério médico

O Conselho Federal de Medicina (CFM) autorizou nesta quinta-feira (23), por meio do parecer 04/2020 a prescrição de cloroquina e de hidroxicloroquina em pacientes com quadros leves de Covid-19, quadros com sintomas importantes mas sem necessidade de cuidados intensivos, e quadros graves com uso de ventilação mecânica. Até então, os medicamentos podiam ser usados apenas nos pacientes graves.

Para os casos leves, a visão do CFM é que os remédios podem ser ministrados no início do quadro clínico, após terem sido descartadas outras viroses (como influenza, H1N1, dengue) e apenas com diagnóstico confirmado de Covid-19. A segunda hipótese é em paciente com sintomas importantes, mas ainda sem necessidade de cuidados intensivos, com ou sem recomendação de internação.

A decisão foi tomada após reuniões com diferentes sociedades de especialidades médicas e pesquisadores convidados. O grupo fez uma extensa revisão da literatura científica disponível sobre o tema. O anúncio foi precedido de uma reunião na própria quinta-feira na qual o documento foi apresentando pelo presidente da entidade, Dr. Mauro Luiz Britto Ribeiro, ao presidente da República Jair Bolsonaro, ao ministro da Saúde, Dr. Nelson Teich e a líderes do governo.

A decisão deve ser compartilhada com o paciente e o profissional precisa explicar ao doente que “não existe, no momento, nenhum trabalho científico, com ensaio clínico adequado, feito por pesquisadores reconhecidos e publicado em revistas científicas de alto nível, que comprove qualquer benefício do uso das drogas para o tratamento da Covid-19.” Também será necessário informar os efeitos colaterais e, quando for o caso, obter o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do paciente ou de familiares dele.

A medida foi considerada como um ato de bom-senso por muitos especialistas, pois o remédio já vem sendo usado em hospitais a critério médico e vem sendo receitado por profissionais a pessoas com quadros iniciais. Ao legitimar o uso, ainda que com ressalvas, o CFM evita que o médico que ministra esses medicamentos em pacientes com a doença incorra em infração ética.

A entidade aponta ainda a necessidade de acompanhamento constante dos avanços científicos no enfrentamento da Covid-19 e informa que suas decisões estão baseadas nos conhecidos atuais, mas podem mudar à medida que resultados de novas pesquisas de qualidade forem divulgados na literatura científica.

Segundo o documento, existe consenso entre os pesquisadores de diferentes países de que ensaios clínicos, com desenho adequado do ponto de vista científico, são urgentes para orientar os médicos sobre qual o melhor tratamento para essa doença.

Porém, como explica o CFM no parecer, “apesar de existirem justificativas para o uso desses medicamentos, baseadas em suas ações anti-inflamatória e contra outros agentes infecciosos, seu baixo custo e os efeitos colaterais conhecidos, não há, até o momento, estudos clínicos de boa qualidade que comprovem a eficácia em pacientes com Covid-19”.

Efeitos adversos

Em nota publicada sobre o parecer em seu site, e no próprio documento, o CFM comenta a posição de diversas sociedades médicas para reforçar suas preocupações com o uso do medicamento. Segundo a entidade, a Sociedade Americana de Doenças Infecciosas, em documento publicado em 11 de abril, recomenda que a hidroxicloroquina e a cloroquina, isoladamente ou associadas a azitromicina, só sejam utilizadas em pacientes internados apenas dentro de protocolos clínicos de pesquisa.

Já a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), ao analisar a segurança da cloroquina e da hidroxicloroquina, faz algumas considerações, como a descrição de seus efeitos colaterais mais comuns: desconforto abdominal, náuseas, vômitos e diarreia. Contudo, podem também ocorrer toxicidade ocular, cardíaca, neurológica e cutâneas. Diz a entidade que pacientes portadores de psoríase, porfiria e etilismo podem ser mais suscetíveis a eventos adversos cutâneos, geralmente sem gravidade. Em casos raros, pode ocorrer hemólise em pacientes com deficiência de glicose-6-fosfato-desidrogenase. A SBR ainda pede que seja dada atenção especial à interação com outras drogas, como macrolídeos, quinolonas, alguns antivirais e antipsicóticos, o que pode levar a problemas cardíacos (alargamento do intervalo QT).

Medidas de contenção

O documento do CFM ressalta que as únicas estratégias reconhecidas até o momento para prevenir a infecção são o reforço à higienização e se evitar a exposição ao vírus: “As medidas de isolamento social têm sido recomendadas em todo o mundo como a única estratégia eficaz para impedir a disseminação rápida do coronavírus”. Com isso, impede-se a sobrecarga dos sistemas de saúde.

Quanto aos pacientes mais graves, o parecer do CFM afirma que as evidências mais fortes apontam que a diminuição da mortalidade está relacionada ao cuidado efetivo aos pacientes com Covid-19 e à oferta de infraestrutura adequada, com a presença de médicos e equipes de saúde com preparo adequado, e com equipamentos de proteção individual em número suficiente.

Entre as ações recomendadas pelo CFM no documento estão a necessidade de mais leitos de internação e de UTI; a presença de equipamentos de ventilação mecânica de boa qualidade e em número suficiente; assim como o encaminhamento para cuidados intensivos, quando indicado.

Fonte:  portugues.medscape.com/verartigo/6504743#vp_

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